Capítulo 2


O Colégio Marista

A essência da atuação marista está na assistência, educação e evangelização de crianças e jovens. Os Irmãos Maristas usavam batina mas não celebravam missa - não eram padres, e sim educadores com formação religiosa. Usavam um colar branco e se vestiam como padres. Os alunos usavam uniforme, que era uma farda marrom. O colégio tinha regime tanto de externato quanto de internato. No internato, além dos estudos, os pais pagavam também a pensão. Os alunos externos passavam a manhã no colégio, estudando, iam ter seus almoços em casa, e à tarde voltavam para o colégio. Os alunos internos passavam manhã no colégio, almoçavam no colégio, passavam a tarde no colégio, jantavam no colégio e faziam atividades no colégio.

Pai era interno. Foi interno de 1952 a 1954. Só saia aos domingos, e ainda assim dependia da pontuação. Uma, duas ou 3 marcas... a quantidade de marcas determinava a hora da saída, se mais cedo ou mais tarde. Quando saia, visitava parentes e amigos, pegava uma matinê no cinema local, comia um lanche na vila... Quando não saía almoçava no colégio mesmo.

Um episódio que retrata a disciplina no colégio - e dos irmãos maristas - era a hora do banho. Era na base do apito. O irmão soava o apito uma vez, os internos ligavam o chuveiro e se molhavam; irmão soava o apito outra vez, e os internos desligavam o chuveiro e se ensaboavam; o irmão soava o apito novamente, e os internos ligavam o chuveiro e se enxaguavam; o irmão soava o apito final e os internos tinham que desligar o chuveiro e se enxugar - era o fim do banho! Se não respeitassem os apitos, iam parar  na "coluna"! Ir para a coluna era ficar em pé, olhando para uma coluna, até que o irmão resolvesse que era hora de sair. Esta punição era usada para indisciplinas em geral. Pai lembra das palavras como se ainda soassem em sua cabeça: "Vai para a coluna"!